No livro "As Muralhas da Linguagem", o escritor Vito Gianotti, um italiano que escolheu o Brasil para viver, conta um episódio do programa "Jogo do Milhão", exibido no SBT e comando pelo apresentador Sílvio Santos. A certa altura do jogo de perguntas e respostas, no qual a resposta certa paga uma quantia em dinheiro e leva à próxima fase, a participante não soube dizer o que é uma "pessoa otimista", apesar das múltiplas alternativas de respostas colocadas para ela. O autor usou esse exemplo para mostrar que, as vezes, as palavras mais simples não são tão óbvias para outras pessoas, imagina expressões difíceis e conhecidas apenas por um determinado grupo.
Seguindo o autor, há muitos ruídos que podem atrapalhar a boa comunicação, conforme o caso da participante do "Jogo do Milhão". Um desses ruídos são os "dialetos" de cada segmento social ou profissional. São expressões próprias do meio que só os iniciados conhecem. O problema surge quando se quer falar para pessoas de fora da bolha.
Na comunicação digital esse fenômeno ocorre com frequência. Quantas vezes assistimos advogados falando em "juridisquês" empolado que só outros operadores do direito entendem? Ou vemos médicos falando em termos científicos para o deleite apenas dos seus colegas? Sindicalista é craque nisso também. Mas não apenas eles. Infelizmente, por ignorância ou medo do julgamento alheio, o erro se repete em muitos casos profissionais e de segmentos sociais.
É claro que, se a intenção é vender um curso para outros profissionais da mesma área, falar o "dialeto" próprio não é problema. Mas, se a intenção é comunicar o seu produto ou serviço para um público diverso, então é necessário evitar essas "muralhas" citadas por Gianotti. Por isso, aqui vão algumas dicas para evitar essas situações:
1. Identifique claramente quem é o público-alvo da sua mensagem: idade, gênero, classe social, preferências, etc;
2. Identifique qual ou quais problema(s) podem ser resolvido(s) por seu produto ou serviço;
3. Construa textos simples e diretos. Se for possível, submeta-os às pessoas que se aproximem do padrão do seu público antes de divulgá-lo;
4. Evite estrangeirismos, regionalismos (se for para pessoas fora da sua região), palavras difíceis, termos técnicos, palavras em desuso ou rebuscadas.
E lembre-se sempre que é o seu cliente quem compra o seu produto o serviço. As críticas dos amigos, parentes e colegas de profissão só são pertinentes se realmente apontarem melhorias que ajudem a atingir o seu público. O resto pode ser apenas a sua vaidade pessoal falando.
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